30º aniversário do mais negro fim de semana da Fórmula 1: recordar Imola 1994
30º aniversário do mais negro fim de semana da Fórmula 1: recordar Imola 1994

30º aniversário do mais negro fim de semana da Fórmula 1: recordar Imola 1994

REFERENCE NEWS – REMEMBER

Hoje, dia 1 de Maio celebra-se o Dia do Trabalhador em vários países, mas para muitos, principalmente para os fãs de Fórmula 1, este dia passou a ser sinónimo de uma outra efeméride desde o ano de 1994: foi o dia em que o lendário piloto brasileiro Ayrton Senna se juntou à lista dos pilotos que perderam a vida ao volante de um monolugar de Fórmula 1.

30 anos depois recordamos aquele primeiro dia de Maio e os dois dias que o antecederam; foi o trágico fim de semana de Imola, conhecido como o mais negro fim de semana da Fórmula 1.

Nos últimos dias de Abril, o circo da Fórmula 1 chegou ao autódromo Enzo e Dino Ferrari em Imola para disputar a 3ª corrida do campeonato de 1994 – o Grande Prémio de San Marino. Na temporada de 94 as expectativas dos fãs estavam em alta devido à recente contratação da Williams Renault: Ayrton Senna, piloto tri-campeão mundial, que substituiu o campeão de 1993 Alain Prost na equipa inglesa, após este se retirar da F1. Senna na Williams era, pelo menos em teoria, o melhor piloto na melhor equipa, dado que na época a Williams era o que é hoje a Red Bull (de forma a estabelecer um termo comparativo com a atualidade). Contudo as duas corridas anteriores a Imola, não tinham corrido de feição a Senna que abandonou em ambas. Fruto desses abandonos, o campeonato de pilotos era então liderado por uma jovem promessa vinda da Alemanha – Michael Schummacher – que ao volante de um Benetton Ford terminara as primeiras duas corridas da temporada em 1º lugar. Na 2ª posição do campeonato de pilotos seguia um surpreendente Rubens Barrichello, piloto brasileiro da Jordan Hart, seguido por Damon Hill da Williams Renault na 3ª posição. Mas voltemos ao fim de semana do GP de San Marino e aos acontecimentos que o marcaram…

Era sexta feira, 29 de Abril, dia da primeira sessão de qualificação e tudo corria dentro da normalidade, quando o brasileiro Rubens Barrichello que seguia numa volta lançada, passou por cima de um limitador de pista (também conhecido como corretor) e foi literalmente catapultado a 225 km/h pelo ar contra a rede da vedação que separa a pista das bancadas. O Jordan do piloto brasileiro atingiu a rede mesmo por cima da barreira de pneus que delimitava a zona escapatória daquela curva, embatendo lateralmente e dando várias cambalhotas em seguida. A força do impacto inicial na rede foi de uns impressionantes 95G’s (isto é, 95 vezes a aceleração normal da gravidade). Quando o carro se imobilizou, de rodas para o ar, Barrichello encontrava-se inconsciente, tendo sido assistido pelos médicos no local, foi transferido para o Centro Médico do Autódromo e posteriormente para o hospital, onde recuperou a consciência e foi submetido a alguns exames. Foram-lhe então diagnosticados um pulso torcido e o nariz partido. No dia seguinte Barrichello pode regressar ao circuito, contudo não foi autorizado a participar na segunda qualificação nem na corrida.

Sábado, 30 de Abril, dezoito minutos após o início da principal e última sessão de qualificação, o piloto austríaco Roland Ratzenberger da Simtek Ford (uma espécie de Alpine ou Haas da atualidade) encontrava-se numa volta lançada e seguia a mais de 300 km/h numa zona rápida do circuito quando a asa (ou aileron) da frente do seu monolugar se soltou, devido a danos infligidos na volta anterior, ficando presa por baixo do carro e levantando as rodas da frente do asfalto, impedindo assim o monolugar de curvar e limitando imensamente a capacidade de travagem. Completamente fora de controlo, o monolugar seguiu em linha reta, a 314 km/h, embatendo contra o muro de betão que delimitava a pista. A força do impacto foi calculada em 500G’s, valor record em toda a história da Fórmula 1. Apesar do impacto fortíssimo a chamada “célula de sobrevivência” (ou cockpit) do monolugar manteve-se praticamente intacta, mas a força extrema do impacto terá causado uma fratura da base do crânio do piloto. A sessão foi imediatamente interrompida e o piloto prontamente assistido no local, tendo sido transportado diretamente para o hospital. Infelizmente o quadro clínico do piloto era bastante grave, pois além da fratura da base do crânio atrás mencionada, o piloto foi ainda diagnosticado com traumatismo craniano e rutura da artéria aorta. Com base neste diagnóstico é possível afirmar que o austríaco terá sofrido morte imediata no impacto. Oito anos depois do último acidente fatal (decorrido em testes particulares) em 1986, a morte regressava à Fórmula 1. A sessão de treinos foi retomada 48 minutos depois do piloto ter sido evacuado para o hospital, mas tanto a Williams como a Benetton, já não voltaram a participar na sessão. Ainda assim, Ayrton Senna assegurou a pole position, a sua 3ª na temporada, secundado por Michael Schumacher.

Domingo, 1 de Maio de 1994, apesar da fatalidade ocorrida no dia anterior, iria haver corrida, mas o ambiente no circuito era pesado. Com o seu bólide parado no lugar reservado ao primeiro lugar da grelha de partida, Ayrton Senna protagonizou um ato raramente visto em toda a sua carreira: permaneceu no interior do seu monolugar enquanto os mecânicos faziam as ultimas verificações técnicas antes da partida. Como o piloto estava sem o capacete enquanto esperava (outra raridade), o mundo pode ver através da transmissão televisiva – na época a Fórmula 1 era transmitida em sinal aberto para praticamente todo o mundo, sendo à data quase um ritual dominical em todas as casas – o seu semblante carregado e a sua expressão de preocupação e até de tristeza. Momentos depois é dada a partida do Grande Prémio. JJ Letho, piloto finlandês da Benetton, deixou “morrer” o motor ficando parado em plena reta da meta enquanto os carros à sua volta se gladiavam no arranque da corrida. A maioria evitou o carro imóvel de Letho, mas Pedro Lamy da Lotus Mugen Honda, com a visibilidade obstruída por um carro que seguia à sua frente e que se desviou do Benetton de Letho no último momento, não conseguiu desviar-se, indo embater lateralmente na traseira do Benetton. O embate violento destruiu praticamente todo o flanco direito do Lotus do português, que se precipitou numa série de piruetas até se imobilizar no lado oposto da pista. Do embate resultou uma série de destroços, entre pedaços da carroçaria e pneus dos dois carros, que se lançaram pelo ar um pouco em todas a direções, indo alguns atingir alguns espectadores na bancada. Registaram-se 10 feridos em consequência dos destroços que voaram para a bancada. Quanto a Letho e Lamy, nenhum dos dois sofreu quaisquer ferimentos no embate, tendo cada um abandonado os seus carros (ou o que restava deles) pelo seu próprio pé. Deste incidente inicial resultou a entrada em pista do Safety Car, que permaneceu por 5 voltas. A corrida foi então retomada quando o Safety Car regressou às boxes, dando lugar a um procedimento de partida lançada ao invés de partida estática.

Era a 6ª volta da corrida e Senna seguia na primeira posição com Schumacher no segundo lugar não muito distante do Williams. No inicio da 7ª volta as posições entre os primeiros permaneciam inalteradas. Senna na frente, aproximava-se a grande velocidade da primeira curva do circuito, uma longa esquerda feita de acelerador a fundo, mas ao entrar na curva o seu carro seguiu uma trajetória linear e de forma algo semelhante com o que acontecera no dia anterior com Roland Ratzenberger, o Williams de Senna seguiu em direção ao muro de betão que delimitava a pista naquela curva. Imediatamente após sair da pista, em linha reta, há indícios de travagem por parte de Senna, contudo o carro que seguia a 305 km/h não desacelerou o suficiente e foi embater no muro de betão a 211 km/h. No embate, um dos braços da suspensão dianteira do Williams ter-se-á soltado e voado diretamente em direção ao capacete do piloto brasileiro, perfurando-o e consequentemente atingindo a cabeça do piloto. Ainda que à época tal não fosse admitido, hoje é amplamente defendido que Ayrton Senna terá tido morte instantânea durante o impacto. O grande campeão brasileiro, ídolo de multidões no Brasil e um pouco por todo o mundo, tornava-se assim na 2ª vítima mortal de um fim de semana negro. Senna foi assistido no local do acidente pela equipa médica sendo depois transportado de helicóptero para o hospital, onde horas mais tarde seria confirmado o desfecho trágico.

No circuito, a corrida que havia sido interrompida por bandeira vermelha após o acidente, foi retomada, desta vez com partida estática. Na volta 48, Michele Alboreto da Minardi Ford, entrou nas boxes para mudar os pneus do seu monolugar, mas ao arrancar o pneu traseiro direito soltou-se e saltou ao longo do pit lane indo atingir dois mecânicos da Ferrari e dois da Lotus. Em consequência, os mecânicos atingidos necessitaram de tratamento hospitalar.

A corrida acabou por ter como vencedor o Benetton de Michael Schumacher, seguido de Nicola Larini da Ferrari e Mika Hakkinen da McLaren no terceiro lugar. Por respeito à morte de Ratzenberger, ocorrida no dia anterior, não houve champanhe na cerimónia do pódio (é importante referir que no circuito ainda não era conhecida a morte de Ayrton Senna quando a corrida terminou).

Terminava assim o mais negro fim de semana da Fórmula 1 moderna. Foi há 30 anos…

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